Devaneios sobre cura


 Cura-me, Senhor, e serei curado; Salva-me, e serei salvo, Pois tu és aquele a quem eu louvo.

Jeremias 17:14


Ao escrever esse devaneio estamos a mais de 10 dias internados no hospital. E ao descrever esse momento, me vem um sentimento de incapacidade, impotência. Esse sentimento não é em relação a Deus, eu sei bem, quem Ele é o que pode fazer. A dificuldade vem do meu próprio coração, desejoso por resolver as coisas e fazer com que tudo fique bem. Provavelmente, esse desejo forte de tudo estar debaixo do meu controle. No fim, é quase um desejo para ser rei de tudo a minha volta e que Deus não governe. Reconhecer essas sombras na alma é libertador. E um processo importante na cura da minha alma.


Nossa gestação é de alto risco. A Josi e eu somos casados há 12 anos, perdemos uma gestação em 2018, e agora engravidamos a segunda vez. As coisas mudam de uma hora para outra, estávamos no ultrassom, tudo caminhando bem e de repente, soubemos que o colo do útero estava curto. Assusta, os medos batem na porta. Em dias de internet, você começa a pesquisar tudo sobre o assunto, e a ideia é encontrar casos semelhantes que tragam um pouco de esperança. Algo que tem ficado claro em meu coração é a respeito da ÚNICA esperança possível em meio a tudo isso.


Os dias passam, e a sensação é de que cada dia é uma batalha, uma vitória. Porém, o sentimento é de que a guerra não acaba. Sim, a ideia de que não seria fácil conquistarmos as coisas na vida sempre esteve diante dos meus olhos. Não vivo no mundo das ilusões, não estou alienado. Eu sei que há a morte a espreita o tempo inteiro, e que ela é consequência do pecado, que é a consequência da rebelião do homem em relação a Deus.


O hospital que estamos tem o nome de Samaritano. Sim, inspirado na história que Jesus conta sobre uma pessoa que viu a outra em necessidade de terapia (cura) e foi ao encontro dela, quando os religiosos a deixaram de lado. Creio, fortemente, que Deus faz coisas extraordinárias, mas também creio, que Deus usa pessoas me vários processos. Temos vivido num tempo de dependência. Dependemos de médicos, enfermeiros, remédios, mas acima de tudo dependemos de Deus. E sim, da oração sua, sim de você que me lê nesse momento.


Não é vergonha para mim, parecer frágil. Na verdade, isso deveria estar claro para todos nós, não somos Superman, somos pequenos, limitados. Não podemos nos salvar, ou melhor, não somos capazes de nos curar, e isso não é sobre automedicação. Cura carece de intervenção. Se eu estou aflito, sim, todos os dias faltam palavras, atitudes. Uma outra atitude nessa hora é a de fugir, usar coisas pra tentar não pensar na dor e sofrimento que bate a porta.


Nessas horas queria ser adepto da ideia do pensamento positivo, que o simples fato de desejar aquilo, já seria possível ser meu. Infelizmente, cura não funciona assim. Também queria que pra ser curado, não precisasse passar pela dor. Nessas horas, é importante lembrar as palavras que estão em Isaías 53, Ele tomou sobre si as nossas enfermidades. É sobre isso, um Jesus que veio para curar. Sou presbiteriano, portanto, somos aliancistas, o que significa que a aliança que há entre Deus e eu é estendida ao nosso filho. O pequeno Benjamin já faz parte desse pacto de graça. Sim, acreditamos que vida surge no início daquilo que chamamos de embrião, sendo assim, as promessas da aliança já são para o meu filho.


Não obstante, também creio que cura é um dom do Espírito Santo dado para pessoas da igreja para a edificação da igreja. Destarte, Deus está usando pessoas, pela graça, para curar vidas por aí. E sim, tenho orado para que isso aconteça na situação que estou vivendo. Dito tudo isso, hoje o nosso bebê está bem. Crescendo no forninho, como a Josi tem dito. O colo do útero ainda está curto, mas eu não dúvido de Deus e nem do seu poder. E que no momento certo o nosso pequeno milagre virá. Encherá os nossos lábios de riso, e o coração de contentamento e gratidão, por causa daquele que nos amou ao ponto de enviar o Seu Filho, para que outros filhos pudesse nascer. Isso é cura.

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